“Não há tempo a perder”, de
Amyr Klink, em depoimento a Isa Pessoa, é um livro publicado pela Editora
Tordesilhas em 2016.
Na obra, Amyr Klink conta
sobre sua trajetória. Fala sobre a atuação em grandes desafios da navegação,
desde o planejamento até a execução da viagem. Fala ainda sobre sua infância,
adolescência, sobre a família e amigos.
“Você
não tem ideia do tempo precioso que perde quando está empurrando um projeto
contra a burocracia, a falta de recursos, as dúvidas, o cansaço, os problemas
diplomáticos, o desconhecimento técnico. Você sempre tende a ser positivo e
acha que ‘eu mereço, eu vou me esforçar, ai dar certo’. Não. Há situações em
que você sabe que não pode desperdiçar tempo algum, não pode deixar para depois,
senão vai morrer. Isso acontece em alto mar, onde ninguém tem o direito de
dormir antes de resolver um problema. Se na hora de comandar um projeto
tivéssemos essa certeza, seríamos muito mais competentes. Todos seríamos.”
Navegar e empreender as viagens
que Amyr fez requer habilidade, planejamento, conhecimento, das mais diversas
áreas. Ele ressalta que a única coisa que não se pode mudar é o tempo. “Uma hora perdida, é uma hora perdida.”
Amyr deixa para os leitores
excelentes dicas, que podem ser aplicadas na vida pessoal (em seu cotidiano ou
nos objetivos que almeja), no ambiente corporativo (porque podem ser aplicados
facilmente em projetos), nos grupos sociais que freqüenta (porque as relações
estão envolvidas, a formação de um time faz parte do processo, o trato com as
pessoas é fundamental, sobretudo para conhecer e reconhecer suas forças e
fraquezas). Pode-se aplicar as técnicas e dicas mencionadas do Amyr nos mais
diversos projetos que empreendemos ao longo de nossa história. São lições que foram
aprendidas por ele em sua trajetória e que podem inspirar e lançar luz ao nosso
modo de como encarar desafios e ir em busca de nossos objetivos.
“Quando
você se apaixona por uma ideia, mesmo que utópica, ou extremamente arriscada,
vai encontrando meios e determinação até o ponto em que acontece.”
O livro traz tudo isso de
maneira acessível e sem prepotência ou arrogância. Amyr conta e nós absorvemos.
É o olhar dele sobre as questões práticas que vivenciou, sem absolutismo e com
muito pé no chão. A experiência que ele nos relata é autêntica, é verdadeira e
isso fica claramente refletido em seus relatos.
O leitor tomará notas sobre
as questões que falam da escassez de recursos e como devemos então atentar-se
para os recursos que estão disponíveis. Tomará contato ainda com a luta contra
a burocracia e a sucessão de crises, porque elas existem, emperram o processo,
mas é preciso ter consciência de sua existência para que possamos
ultrapassá-las. Amyr fala dos riscos. É preciso correr riscos na vida, se
acharmos que tudo é perfeito, que tudo dará certo, que tudo é do modo como é, seremos
incapazes de enfrentar a primeira tormenta.
O medo também é um
sentimento que permite ao homem tratar suas ações com maior planejamento. É o
que faz Amyr. Ele traça com minúcia cada viagem que vai fazer, avaliando e
quantificando os problemas e buscando soluções mais simples e que sejam
inovadoras. No entanto, é visto que o medo não pode paralisar. Se ficarmos
refém do medo, também nada faremos e ficaremos sentados vendo a vida passar, o
tempo correr (o tempo, que é tão preciso, e que não pode ser perdido). É
necessário finalizar o que temos em mente, em mãos, e seguir adiante.
Amyr tem mais de duzentos e
cinqüenta milhas rodadas em águas calmas e águas turbulentas, em meio a
tormentas e ondas gigantes. Fez mais de quarenta viagens para a Antártica que
tem um ambiente inóspito. Ele mesmo faz suas embarcações. Para Amyr Klink, a
pressão pode funcionar como estímulo.
“Relatos
de quem sobreviveu a guerras, desastres naturais, gente que superou longas e
profundas depressões econômicas, as histórias de náufragos que conseguiram
escapar – costumam nos revelar mistérios, como as capacidades que só
descobrimos ter em circunstâncias extremamente adversas” –
relata Amyr em certo trecho do livro.
A publicação da Tordesilhas
traz ainda fotos que ilustram alguns momentos apresentados no livro, que vão de
fotos de família à fotos de expedições realizados pelo autor. O texto tem ainda
curtos relatos de pessoas que conviveram ou passaram certos momentos com Amyr,
tais como Hermann Hrdlicka, a irmã mais nova Ashraf Klink, o médico e velejador
Fábio Tozzi, o gerente Ronaldo Swistalski, entre outros.
O livro publicado nos mostra a força e o conhecimento de um homem que planeja, se
dedica ao que faz, que desenvolve suas solução da maneira simples e inovadora,
e que não se aventura. Em tom de conversa, com leitura agradável e de conteúdo
claro, “Não há tempo a perder” só faz aumentar a admiração por Amyr Klink.
Sobre o autor
Foto: Kiko Ferrite |
Filho de pai libanês e mãe sueca, Amyr Klink nasceu em São Paulo, em 1955. Amyr tem fome de entender como as coisas funcionam. Formado em Economia pela USP, com pós-graduação em Administração de Empresas pelas Universidade Mackenzie, aos trinta anos fez a primeira travessia do Atlântico Sul a remo. Concebeu a rota, e remou sozinho, entre a África e o Brasil, viagem sobre a qual escreveu o livro "Cem dias entre céu e mar" (Companhia das Letras). É autor de mais seis títulos. Empresário dedicado ao mundo náutico, já fez mais de quarenta viagens para a Antártica, apaixonado pelo continente utópico, sem dinheiro ou bandeiras. Amyr constrói suas próprias embarcações, desenvolve soluções flutuantes e opera a Marina do Engenho (Paraty - RJ), atividade que emprega mais de 600 pessoas na região.
Ficha Técnica
Título: Não há tempo a
perder
Escritor: Amyr Klink
Editora: Tordesilhas
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-8419-046-1
Número
de Páginas:
216
Ano: 2016
Assunto: Narrativas pessoais
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.