“Branco” é a primeira obra literária de
Priscila Baroni. O livro foi publicado pela Editora Autografia em 2016 e conta
com 372 páginas.
"Árvores, arbustos, pedras, chuva e solidão. Onde estava?
Como fora parar ali? E o mais importante de tudo: quem ela era?"
No chamado Bosque das Vozes uma
garota acorda. Ela não sabe onde está, de onde veio e quem é. Três crianças, Damian,
Theodore e Mandisa encontram a menina. Ela se junta a eles e descobre que
naquele misterioso local não é só ela que não guarda lembranças.
A aldeia em que vivem os
meninos é formada por pessoas que não tem memória, não lembram de seu
passado e de sua existência, e que são governadas por um rei, que vive
instalado na chamada Cidade Real e usa a guilhotina como ferramenta e símbolo
de sua tirania. Fascinado por lobos ele utiliza-se ainda de e um lobo cruel
chamado Hovarr para amedrontar seus súditos.
Os soldados comandados por esse
rei são chamados de Homens Lupus e alguns deles são tidos como elitizados, um
grupo especial que cumpre funções mais específicas e de proximidade ao rei
tirano. Aos Homens Lupus cabe vigiar os habitantes da aldeia e da Cidade Real.
Qualquer contravenção, incluindo o fato de reavivar memória, é punida.
Indicação que é dada pelas dores que as pessoas sentem.
A garota inicialmente é levada
escondida ao orfanato em que os três residem. Ela é descoberta e no meio da
aldeia, o Sr. Nicolini, dono de uma loja de ervas medicinais se envolve na
história da menina, inventando um pretexto para a presença dela em meio aos
moradores. Heinz, um Homem Lupus, também acaba por proteger a história contada
pelo lojista. Se descoberta ser uma neonata, nome que era dado as pessoas que
surgiam sem memória naquele lugar, ela poderia sofrer severas sanções.
Uma curiosidade, no entanto,
chama a atenção. Quando um neonato surge, eles aparecem na Cidade Real. E isso
não aconteceu com a menina, vez que ela acordou no temido Bosque das Vozes.
Paira o mistério!
A menina passa a viver na loja
com Nicolini. Ela tem lampejos de memória que aparecem repentinamente ou quando
recebe estímulos externos. Sonha com imagens apagadas como um grande borrão
branco. O que preocupa é que as pessoas que tem memória naquele lugar não são
bem quistas pelo rei Matteo Lupino e são conduzidas para a guilhotina (num
lugar chamado Palco, no meio da Cidade Real, para todos assistirem a execução).
Com Nicolini e seus amigos ela
tem a oportunidade de conhecer a tão encantadora e temida Cidade Real. E
lá começa a parecer que alguém está de olho na menina adotada recentemente pelo
lojista da aldeia. Figura estranha aos demais moradores ela passa a chamar a
atenção ainda que esse não seja seu objetivo. A garota enfrentará árduos
percalços em seu caminho.
Um grupo conhecido como Resistência existe entre os moradores da aldeia. No entanto, as pessoas não sabem exatamente quem são. Acreditam, desde o primórdio da aldeia, que o grupo é apenas um mito.
“Ninguém nunca soube
quando Matteo Lupino foi proclamado rei, nenhuma pessoa pode afirmar com
absoluta certeza quando o seu reinado começara, tudo o que sabem é que ele
sempre esteve presente, e que desde tempos incalculáveis ele já era rei e já
governava suas terras com a mesma maldade e injustiça (...) muitos se
acomodaram com a vida pacta sem memórias que viviam, mas outros, insatisfeitos
com as inúmeras perguntas sem respostas, levantaram-se contra o rei, exigindo
explicações. O resultado disso (...) a grande maioria foi chacinada sem piedade(...)”
A menina vive uma série de descobertas
e enfrenta perigos. Com sua determinação busca esclarecer tudo que a
atormenta desde que acordara no bosque. Sem medir as consequências ela
vai adiante em seus objetivos e para isso conta com seus três amigos. O rei, no
entanto, não poupará esforços para continuar a exercer sua subjugação sobre o
povo.
A história da garota é
cheia de mistérios e descobertas que vão sendo feitas ao longo da narrativa. Um
enredo bem tramado que absorve o leitor, além de Priscila Baroni ter uma
escrita fluída e clara. As nuances dos diversos personagens e suas enigmáticas
performances enriquecem a história e os pontos nebulosos que surgem ao longo da
jornada são evidenciados ao leitor, por meio das descobertas feitas pelos
personagens centrais. Ou seja, um mistério é lançado e é desvendado.
Mesmo as histórias secundárias são fechadas pela autora e dão coesão à obra. "Branco" é um livro que traz um universo cheio de fantasia e de magia, que aponta a luta de um tirano, que chama o leitor para uma destemida garota que quer encontrar ou reencontrar a sua essência por meio de suas memórias.
Também são tratadas as relações
de amizade e os laços de companheirismo e afeto que se formam com pessoas antes
desconhecidas. Por mais que haja o vazio da memória dos moradores daquele
reinado, de certo modo eles não estão sós. É na sua aparente solidão, provocada
pela ausência de lembranças e pelo autoritarismo e medo empregados por um homem
cruel que eles se solidarizaram e se veem capazes de ações gloriosas.
"Branco" foi um livro
de uma leitura surpreendente. A literatura de fantasia com elementos de ficção
científica e boas dosagens de aventura garantem uma história cativante sobre a
busca da essência do ser e existir, ainda que resistir custe a própria vida.
Sobre a
autora
Priscila C. Baroni nasceu em São Paulo.
Apaixonada por leitura desde cedo, a autora é fã de histórias de fantasia,
ficção científica e aventura, o que a incentivou a escrever. Apesar de já ter
escrito artigos para revistas científicas em sua profissão como bióloga, Branco
é sua primeira obra na literatura.
Ficha Técnica
Título: Branco
Escritor: Priscila Baroni
Editora: Autografia
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-5526-632-4
Número
de Páginas:
372
Ano: 2016
Assunto: Literatura
brasileira
Olá..
ResponderExcluirÓtima resenha. Fico feliz que tenha gostado da história.
Obrigada. :*