“Enquanto
olhava para as estrelas, entendi que, ao me juntar a Early naquela jornada, eu
certamente havia me metido em mais do que imaginara. Mas sabia que não estava
preparado para recuar.”
"Em Algum Lugar nas Estrelas" narra a construção
da relação de amizade entre dois garotos: Jackie e Early. Ambos vivem momentos
novos em suas vidas, além de ter de lidar com a perda de entes queridos. O
primeiro com a morte de sua mãe e o segundo a de seu irmão.
Early Auden é tido como o
mais estranho dos garotos e todos tentam se manter longe dele. O garoto se
ausenta das aulas em que seu pensamento seja contestado ou cujo teor das
teorias não o agradam. É o caso, por exemplo, da aula de matemática, em que o
professor aborda Pi, como um número finito. Para Early, Pi não morreu, não morrerá. A história
do número, a do Pi do Early e de seu irmão parecem um emaranhado de explicações
para aquilo que Early acredita. O garoto tem aparente genialidade ao mesmo passo em que revela grande dificuldade de relacionamento e de conviver com aqueles que o cercam.
Jack Barker, um menino de treze anos, é o personagem-narrador que tem de viver com mudanças, uma nova escola, uma nova turma de estudantes, uma nova cidade e a ausência de entres queridos. O garoto se torna amigo de Early e vai se aproximando cada vez mais, até que, juntos, eles embarcam numa jornada em busca das convicções de Auden. Nesse fantástico roteiro que seguem enfrentam situações inusitadas.
Jack Barker, um menino de treze anos, é o personagem-narrador que tem de viver com mudanças, uma nova escola, uma nova turma de estudantes, uma nova cidade e a ausência de entres queridos. O garoto se torna amigo de Early e vai se aproximando cada vez mais, até que, juntos, eles embarcam numa jornada em busca das convicções de Auden. Nesse fantástico roteiro que seguem enfrentam situações inusitadas.
Early carrega suas
interpretações de ver a vida, sejam elas verdadeiras ou não. Para ele o número
Pi tinha uma grande história, ele era capaz de lê-la nos números. Ao contrário
do que afirmava seu professor, com base na teoria de um matemático, o número
não acabaria. Early carrega ainda a certeza de que seu irmão, morto na guerra, está
vivo. O Urso Apalache seria aquele que o
levaria até seu irmão e Jackie, seu amigo,
embarca com ele nessa busca, assim como a história do Pi em que ele sai
de casa numa busca particular.
"Por que tudo havia virado de cabeça para baixo? Por que minha mãe tinha que morrer? Por que estou seguindo Early, ouvindo suas histórias doidas sobre Pi, em uma caçada maluca a um urso?" Eis o questionamento de Jack sobre a aventura na qual se vê embrenhado.
"Por que tudo havia virado de cabeça para baixo? Por que minha mãe tinha que morrer? Por que estou seguindo Early, ouvindo suas histórias doidas sobre Pi, em uma caçada maluca a um urso?" Eis o questionamento de Jack sobre a aventura na qual se vê embrenhado.
O livro entremeia os
capítulos que contam a história de Jack e Early e a construção da relação dos
dois amigos nessa aventura e os capítulos que contam a história de Pi. De certo
modo, as histórias se complementam. Uma serve de espelho para a outra.
Auden poderia ser considerado um personagem com grau funcional de autismo. No entanto, a palavra não é utilizada no texto do livro, como explica a autora em nota, porque na década de 1940 (em que se passa a narrativa, no período Pós-Segunda Guerra Mundial) a doença não era diagnosticada facilmente. Ele seria então, naquela época, tachado como uma pessoa estranha, e assim o é na visão dos outros personagens do livro.
Clare ressalta que ele não é
a representação de um autista, “ele é um
menino único e especial com uma mente fantástica, um espírito lindo e um dom
inexplicável.” Interessante observar o contraponto que os dois amigos fazem. Early tem a visão
peculiar e quase infantil de ver o mundo, enquanto Jackie se coloca com uma
visão mais “adulta”. No entanto, os dois se completam nas ações que passam na
história, mesmo quando há uma posição oposta. Clare, de maneira sensível e sagaz, apoiou a base da narrativa na relação entre os dois garotos, deixando a síndrome de Auden quase inexistente na história, não fosse pelo fato de aproveitar o estranhamento que os personagens tem em relação a suas ações e o seu aparente deslocamento em relação aos grupos sociais do qual faz parte. É interessante imaginar que a história poderia ter uma visão bastante peculiar se o ponto de vista da narração fosse o do próprio Auden (que ganha a cena com o seu jeito de ver o mundo).
“Em Algum Lugar nas
Estrelas” é um ótimo livro. A edição de capa dura, com marcador redondo e
projeto gráfico de excelência (característica perene na Darkside Books) é de
encher os olhos e nos ajudam a entrar na cruzada de Jackie e Early. As folhas de guarda e de rosto tem ilustrações fantásticas. É um livro
que, metaforicamente, trata da busca de respostas e de encontrar a si mesmo em jornadas por soluções para os questionamentos que nos fazemos.
Clare Vanderpool adora ler,
pesquisar e viajar. Escrever “Em Algum Lugar nas Estrelas” deu a ela a
oportunidade de fazer as três coisas. Em uma viagem de pesquisa ao Maine, Clare
explorou faróis, andou em praias, visitou um colégio interno e até fez o
próprio trajeto na Trilha Apalache. Clare começou a ler aos cinco anos e a
escrever aos seis, quando seu primeiro poema foi publicado no jornal da escola.
Seu primeiro romance “Moon Over Manifest” foi premiado com a John Newbery Medal
de mais distinta contribuição para a literatura infantil norte-americana.
Ficha Técnica
Título: Em Algum Lugar nas Estrelas
Escritor: Clare Vanderpool
Editora: Darkside
ISBN: 978-85-66636-83-3
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
288
Ano: 2016
Assunto: Literatura
norte-americana
Criei um apego tão grande por este livro. talvez tenha sido pelo fato de ter trabalhado com uma criança com necessidades especiais e ver um pouco dele no Early! Fiquei bem feliz quando vi que estávamos lendo/resenhando o mesmo livro. Gostei bastante do teu ponto de vista! Um abração!
ResponderExcluirumanerdliteraria.blogspot.com