O Menino que Desenhava Monstros - Keith Donohue - Tomo Literário

O Menino que Desenhava Monstros - Keith Donohue

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“Não tenha tanta certeza sobre as coisas que não pode ver. A mente conjura o mistério, mas é o espírito que fornece a chave.”

“O Menino que Desenhava Monstros”, do escritor Keith Donohue foi publicado pela editora Darkside Books em 2016. A edição tem tradução de Cláudia Guimarães e conta com 256 páginas.

Um garoto sonha com monstros  que “vinham persegui-lo dentro dos sonhos”. Na casa em que mora com seus pais, que eles chamam de casa dos sonhos,  o menino é capaz de ouvir a respiração dos monstros e fica atento para saber de que maneira eles podem aparecer. Os sons que ouvem vão tomando ainda mais corpo na medida em que seus desenhos parecem reproduzir acontecimentos sobrenaturais.

Jack Peter é o nome do menino em questão. Ele é filho de Holly e Tim. Por ter a síndrome de Asperger há muito que o garoto não sai de casa. Qualquer saída, como ir ao médico, torna-se um verdadeira operação de guerra, posto que Jack, ou J.P., ou ainda Jip (como o pai o chama), não gosta de contatos físicos e vive em seu mundo. Portadores da síndrome tem dificuldades significativas de interação social e de comunicação. Pessoas que tem tal distúrbio possuem também interesse obsessivo em certos assuntos.

Seu pai e sua mãe lidam de maneira diferente com o comportamento do menino. A mãe, por vezes, apresenta mais explicitamente dificuldade em lidar com o problema. Já o pai, aparentemente trata de modo mais prático as questões que envolvem a saúde do filho.

“Os desenhos da noite passada estavam escondidos sob virginais folhas brancas. O toco de um lápis fazia as vezes de peso de papel, e ele olhou para a superfície vazia, esperando por uma imagem, algo transposto de sua mente, e então, com o lápis na mão, cuidadosamente traçou a primeira linha curva, satisfeito por, enfim, ter começado.”

Jip faz desenhos e ouve ruídos assustadores que, passam a ser ouvidos também pelos seus pais, sobretudo por sua mãe. Ali, na costa de Maine é inverno e a família vive quase que isoladamente. Mas os barulhos, ruídos ameaçadores, gemidos, passos, vultos e outras aparições inusitadamente sombrias parecem apontar que há alguém mais rondando a casa.




















Os desenhos de Jack vão provocando situações assustadoras que acabam por envolver sua família e o menino Nick (com quem Jack quase se afogou anos atrás). Nicholas ou Nick é filho de um casal de amigos da família e sempre visita Jack. A relação entre os dois meninos também revela conflitos. Mesmo que sejam amigos, ou mais do que isso, há certo estranhamento em dados momentos. Nick se incomoda de ficar sozinho com Jack.

A família ora desacredita dos mistérios que os rondam, ora buscam compreender do que se trata. A própria mãe busca ajuda na religião, por exemplo. Holly, a mãe, se sente perturbada por tudo que tem acontecido e vive num misto de bem querer e rejeição pelo fato de o filho ser como é. Ela vive um dilema bastante intrínseco em que acredita que o que a atormenta pode ser inclusive fantasmas de um barco naufragado, ou que os tormentos são uma expiação por seus pecados, ou ainda a culpa pelo que sente e com o medo de lidar com o jeito do filho.

“Um fantasma nada mais é que o artifício de uma mente em guerra consigo mesma. A manifestação temporária de um conflito psicológico.”

O menino que desenhava monstros pode ser a resposta para todas as questões que atormentam a todos?

Keith Donohue, autor do livro, tem uma narrativa coesa que prende a atenção do leitor. A trama assustadora, mas também cheia de sensibilidade ao lidar com a questão da doença do menino de forma realista, é instigante. Os personagens que povoam o livro são bem construídos e o texto bem estruturado o que torna a história toda ainda mais agradável, mesmo que apavorante.

“O Menino que Desenhava Monstros” é um livro que trata dos medos, de relações carregadas de sentimentos díspares, do real e do imaginário, do limite da fantasia que se torna real. Aborda o mundo de um menino que vai descobrindo que pode controlar o que deseja. Mexe com o imaginário do leitor de forma singular. Fui sugado pela história por dois motivos: é uma excelente história e o autor a desenvolve com maestria.

No final do livro, uma parte complementar disponibiliza espaço para os leitores desenharem seus monstros, criaturas, pesadelos, angústias e sonhos.

Leitura mais que recomendada.
Foto: Reprodução

Sobre o autor

Keith Donohue é autor do best-seller “A criança roubada” (2007), além de The Angels of Destruction e Centuries of June. Seus livros já foram traduzidos para mais de doze idiomas. “O Menino que Desenhava Monstros” chamou tanto a atenção do público que rapidamente teve seus direitos vendidos para o cinema. O autor, que tem Ph.D. em Inglês pela Catholic University of America, vive em Maryland.

Ficha Técnica
Título: O Menino que Desenhava Monstros
Escritor: Keith Donohue
Editora: Darkside
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-9454-001-0
Número de Páginas: 256
Ano: 2016
Assunto: Literatura norte-americana

4 comentários:

  1. Essa capa é muito divosa <3

    www.maisumleitor.com

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  2. Eu estou tipo: MUITO LOUCA por esse livro!
    Adorei o post!
    Beijoss!

    http://www.outrocapitulo.com/

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