"Acabavam
descobrindo tanto sobre aqueles com quem compartilhavam o confinamento, que não
escapavam nem mesmo as coisas mais inconvenientes e profundas a respeito de
alguém com quem tinham em comum apenas a solidão, os medos e o hábito de vestir
pés de pato, uma máscara de mergulho e um cilindro de misturas gasosas nas
costas.”
As pessoas começavam a assustar Corina, a
protagonista do livro “As águas-vivas não sabem de si”, da escritora brasileira
Aline Valek, que foi publicado pelo selo Fantástica Rocco em 2016.
A cerca de três mil metros de profundidade, numa estação chamada Auris, Corina e outros companheiros participam de uma pesquisa nos arredores de uma zona hidrotermal. O objetivo da pesquisa é testar um traje especial de mergulho.
A cerca de três mil metros de profundidade, numa estação chamada Auris, Corina e outros companheiros participam de uma pesquisa nos arredores de uma zona hidrotermal. O objetivo da pesquisa é testar um traje especial de mergulho.
Ao lado de seus companheiros eles estão
cercados da imensa escuridão do oceano e de vidas e espaços inexplorados, longe
da terra firme. Aos poucos vamos descobrindo cada um dos participantes da
pesquisa, suas características e descobrimos também que eles tem algo a esconder.
A pesquisa que realizam é para testar
trajes de mergulho, como dito anteriormente, mas um dos cientistas tem um objetivo que vai
além disso: quer encontrar vida inteligente nas profundezas do mar. Um livro
que o especialista escrevera chama a atenção pelo que narra e as possibilidades
do que podem encontrar. O que eles enfrentarão nos abismos profundos do oceano?
Um som misterioso captado pelos aparelhos instalados
pela equipe pode ter algum significado e intriga-os a partir de um problema que
enfrentam na estação. O som tem um papel fundamental na história e os chama
para a descoberta de segredos que podem ou não estar ligados as suas suspeitas.
“Pense
no oceano como um sistema nervoso, em que a vida desempenha o papel de células
nervosas; cada uma delas transmitindo impulsos, embora sonoros em vez de
elétricos, contendo informações e mensagens, quem sabe até comandos e ações.”
Aline Valek tem uma narrativa agradável,
leve, fluída e o enredo do livro é de tirar o fôlego. Somos realmente
absorvidos para o fundo do oceano. Nesse ambiente, de certo modo
claustrofóbico, a autora nos coloca em contato com uma personagem solitária, mas cheia de
coragem. Corina é uma mulher que enfrenta seus medos, incluindo uma doença que
ela tem, e persegue seu objetivo na expedição.
Ao mesmo tempo em que os personagens exploram
as profundezas do oceano, com a instalação de sondas que captam o som e com os
testes dos trajes, nós, leitores, mergulhamos em suas particularidades. Os
segredos que eles guardam, a forma com que conduzem a relação dentro da estação
subaquática, os dramas que vão viver ao enfrentarem problemas que podem colocar
um ponto final na missão, as descobertas que fazem uns dos outros e, sobretudo,
os ruídos que captarão, prendem o leitor na história.
“As águas-vivas não sabem de si”, é um livro
de ficção científica que agrada, inclusive pelo ambiente inóspito a que somos
levados. Vale a pena mergulhar nesse oceano e deixar-se envolver pela história
de Corina e os segredos do fundo do mar. O título do livro é instigante, posto
que se as águas-vivas não sabem de si, do que será que elas sabem?
Sobre a
autora
Foto: Leon Rodrigues |
Aline Valek é escritora e ilustradora. Nasceu
em Minas e vive em São Paulo. Na internet, publica textos, escreve em seu blog
e é autora da newsletter Bobagens Imperdíveis, além de colunista da Carta
Capital. ‘As águas-vivas não sabem de si’ é o seu primeiro romance, mas já
lançou de forma independente dois livros de contos: Hipersonia crônica (2013) e
Pequenas tiranias (2015).
Ficha Técnica
Título: As águas-vivas não sabem de si
Escritor: Aline Valek
Editora: Fantástica Rocco
ISBN: 978-85-68263-33-4
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
293
Ano: 2016
Assunto: Ficção brasileira
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