Ler Samuel Beckett sempre
foi um desejo. De repente, num dia chuvoso, me deparo com “Textos Para Nada”,
publicado pela Editora Cosac Naify em 2015. O título, por si só, me chamou a
atenção. Quando vi as letras negras gritando Beckett na capa, não tive dúvida,
comprei-o.
Os textos apresentados no
livro foram feitos pelo autor entre 1950 e 1952, logo depois dele ter escrito
“O inominável”. Escritos em primeira pessoa, os textos tem certo conflito do
personagem-narrador, que não se descreve, que não se apresenta, que não se
revela, a não ser por seus sentimentos, sejam eles angustiosos ou não.
O próprio narrador lança a
si mesmo indagações acerca de sua vida, seus sentimentos, seus desejos e suas
dúvidas. O modo que Beckett usa na narrativa é uma tentativa de se desprender
do modelo inglês. Os textos apresentam-se quase que como a fala, um desabafo de
um narrador que está confuso, que nota que está perdendo o controle, que lida
ou tenta lidar, entender, compreender os seus conflitos.
O título do livro (que
despertou a minha atenção), conforme explicitado no posfácio de Lívia Bueloni
Gonçalves “alude à ideia de inutilidade,
de uma composição sem serventia ou propósito.” Demonstra ainda insatisfação
com o ato de narrar. Ainda segundo Lívia “a
ideia da falha é recorrente no universo beckettiano e relaciona-se com a
impotência sentida pelo narrador. Se ele não se satisfaz, transforma suas
dificuldades em matéria literária.”
Intenso e humano são os dois
adjetivos encontrados para definir o livro. Ali estão a humanidade de alguém
que se vê impotente diante de suas questões pessoais ou universais e a
intensidade de sentimentos que se misturam. Vale pelo autor, vale pela
tradução, vale pelo texto (mesmo que seja para nada). E não há como não
mencionar o trabalho gráfico da Cosac Naify. Simplesmente Cosac Naify.
Ficha Técnica
Título: Textos Para Nada
Autor: Samuel Beckett
Editora:Cosac Naify
ISBN: 978-85-405-0875-0
Edição: 1ª
Ano: 2015
Número de Páginas:77
Assunto: Ficção inlgesa
Assunto: Ficção inlgesa
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