“A Câmara Clara”, do
lingüista, semiólogo, crítico literário, filósofo e escritor Roland Barthes, é
um livro que foi lançado originalmente em 1980 na França. O livro foi o último
do autor, publicado pouco antes de seu falecimento.
A edição em questão é uma
publicação da Editora Nova Fronteira em comemoração aos seus cinqüenta anos, no
ano de 2015. A editora lançou clássicos que não podem faltar na
prateleira/estante dos leitores.
Inicialmente, pelo tema,
podemos pensar que o livro trata-se de um manual sobre fotografia. O tema
central do livro é esse. No entanto, não é um tratado ou um guia para
fotógrafos (amadores ou profissionais). Em tempos em que a fotografia é tão
comum quanto a fala, devido as redes sociais, o livro de Barthes trata do tema,
mas com uma óptica filosófica. A fotografia é o cerne, o olhar artístico está presente e guia o leitor sobre que esse objeto (a foto) representa. Ali estão três práticas: "fazer, suportar, olhar".
Em suas colocações o autor
faz uma análise profunda da fotografia. O que é a foto documental, aquela com a
imagem presa e que vemos em diversos meios (revistas, jornais, livros etc) e o
que a foto significa. Detalhes que passam desapercebidos. Barthes faz uma
análise sobre a imagem, o que ela diz ou a intenção que revela, o que ela tem de principal, qual a
captação que foi feita, como ela toca quem a vê. Ele utiliza fotos de diversos
artistas para lançar-se nesse entendimento sobre o tema. Três elementos estão ligados numa fotografia: o fotógrafo, o espectador (que somos todos nós) e o alvo (quem ou o que é fotografado).
“...
Eu tinha de convir que meu prazer era um mediador imperfeito e que uma
subjetividade reduzida a seu projeto hedonista não podia reconhecer o
universal. Eu tinha de descer mais ainda em mim mesmo para encontrar a
evidência da fotografia, essa coisa que é vista por quem quer que olhe uma foto
e que a distingue, a seus olhos, de qualquer outra imagem...”
É o olhar, subjetivo de quem
vê a foto, que a torna um instrumento poderoso, dado o sentimento e sensações
que provoca. Sem isso, a fotografia possivelmente seria um mero registro, um
documento que fixaria um determinado momento. Mas o observador vê mais, é capaz
de enxergar e colocar essa foto/cena em diferentes aspectos e fazer uma
interpretação do que foi captado pelo fotógrafo. Algo o tocará para que preste
atenção na foto.
O livro tem certa
complexidade pela maneira ímpar de Barthes observar o objeto de estudo, mas ao
mesmo tempo, essa complexidade é didática, inteligível. Ele volta seu olhar de maneira ampla, profunda, sem ser disperso e toca a quem gosta de fotografia como arte. De fato é um livro que
não pode faltar em nossa biblioteca pessoal. Vale pelo tema, pela profundidade,
pela filosofia contida, pela obra como um todo. E, logicamente, por sua representatividade na literatura do gênero.
Ficha Técnica
Título: A Câmara Clara
Autor: Roland Barthes
Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-2429-7
Edição: Especial
Ano: 2015
Número de Páginas: 106
Assunto: Fotografia artística
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