“Ninguém
ostenta um fruto, por mais doce que seja. Quem o faz, por pouco tempo se apraz:
não tarda passa do ponto, apodrece.”
Homens que cavam e peneiram a terra a procura
não só de diamantes, mas de desejos e sonhos. As tão sonhadas pedras preciosas
que geram ganância e esperança não mais existe no solo maltratado, escavado,
judiado pela força do homem. Mesmo rareada, a busca continua e Silvério se apega a sua fé.
Nesse garimpo, de lugar não determinado pelo
autor da história, eles (os garimpeiros) se vêem as voltas com um coronel que explora o trabalho
árduo a que são submetidos. Mesmo diante de muitas
dificuldades, as pessoas buscam de um modo ou de outro manter suas vidas. A busca de um equilíbrio mesmo numa situação adversa que a todo tempo parece desestabilizar a balança da vida.
Esse indivíduos perdem sua individualidade
quando estão sob o poderio do coronel. Ninguém ousa resistir a uma ordem desse
homem que determina inclusive o fim da vida de muitos.
“E
assim a vida prosseguia, o trabalho precedendo a farra, o estrago a sucedendo,
e um novo dia de trabalho reinaugurando o ciclo. Não tradou para se darem conta
de que a prodigalidade mais que nunca poderia lhes custar o pescoço, e daí por
diante começaram a racionar as farras e adequá-las ao padrão da vila – a
pobreza como parâmetro e a riqueza como exceção.”
No livro do escritor Estevão Azevedo, nascido
em Natal, publicado pela Editora Cosac Naify em 2014 (288 páginas), os
personagens vivem histórias de amor, amizade, desejos, violência, morte e fé.
Cada um a sua maneira.
Joca, Bezerra, Ximena, Silvério, Rodrigo são
brasileiros. Há esperança onde parece não haver, amor onde parece ser
construído ódio, há morte e miséria quando a riqueza parece chegar, há desolação quando o
sonho se esvai por água abaixo (literalmente, com a pedra na mão), há pobreza
ao lado de quem esbanja poder.
A narrativa de Estevão é bem construída, de uma
linguagem bem colocada, que tornam a história grandiosa em sua simplicidade. E mesmo com os altos e baixos, existentes na vida de qualquer pessoa real, os personagens também são revestidos de suas mazelas, seua conflitos e suas buscas singulares. A história se regionaliza na leitura, mas
também se torna atemporal e sem fronteiras. As tramas vividas são cheias de
detalhes e pormenores que se cruzam. Um livro para se espalhar.
Ficha Técnica
Título: Tempo de Espalhar
Pedras
Escritor: Estevão Azevedo
Editora: Cosac Naify
ISBN: 978-85-405-0759-3
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
288
Ano: 2014
Assunto: Ficção brasileira
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