Molière nasceu em 1622 e morreu em 1673. É
tido até hoje, século XXI, como um dos maiores autores de teatro de todos os
tempos. Ainda na adolescência tive o prazer de assistir a uma montagem de um de
seus clássicos: “O Avarento”. Foi ali, ainda sem saber muito bem quem era o
grande autor que estava por trás daquele texto humorado e crítico, que tive o
primeiro contato com Molière. A partir daí fui tomando conta da magnitude do
autor.
Agora, por meio da edição publicada pela
Editora Zahar, em 2014 e com tradução de Barbara Heliodora, tive o prazer de
ler o texto de outra obra de Molière, “O Misantropo”. Ter contato com esse
texto teatral foi bom, ainda mais sabendo que a peça foi encenada pela primeira
vez no ano de 1666. Isso mesmo, no século XVII. Uau!
O texto trata de um cavalheiro chamado
Alceste, que tem sua vida afetada por seu exageros. Ele é critico da hipocrisia
da corte e enfrenta a todos que estão a sua volta, confrontando-se com o modo
como eles agem: Cèliméne sua amada, a corte, os amigos, os inimigos, todos.
O personagem central é homem inflexível. Por
trás de seu comportamento exacerbado que se coloca acima dos acontecimentos e
das pessoas ao seu redor, há uma crítica do autor no que se refere aos hábitos
da corte, às questões sociais daquele tempo. Em que pese haver certa rabugice
no personagem que pode lhe conferir um certo humor, ele condena os vícios, como
afirma Bárbara Heliodora, a tradutora, na introdução do clássico: “Até a integridade, em excesso, pode merecer
o riso crítico da comédia, mas os vícios continuam merecendo condenação.”
Ter contato com textos bem escritos e
clássicos, nos faz pensar o porque essas obras se tornam atemporais. Talvez
porque o que se criticava na época continue representado na sociedade em outros
formatos, ou possivelmente porque o texto do autor e seu enredo estivesse a
frente de seu tempo.
Para encerrar separei alguns trechos de falas
do personagem Alceste, com sua criticidade e suas colocações contundentes.
“Mas
nada do que eu disse pode ser mudado;
Do que
é perverso o mundo está tão recoberto,
Que me
afastar dos homens para mim é o certo.”
Num outro trecho critica o comportamento de
quem quer viver como lobos.
“Melhor
abandonar o conluio e a matança;
Se os
homens como lobos preferem viver,
A minha
companhia não podem mais ter.”
Outras falas de Alceste:
“É
preciso de aduladores afastar.”
“Mas
nem covarde nem complacente sou eu.”
“(...)
O mal de gente assim não tem limite;
A esse
celerado tudo se permite;”
Ficha Técnica
Título: O Misantropo
Escritor: Molière
Editora: Zahar
ISBN: 978-85-378-1197-9
Edição: 1ª
Ano: 2014
Número
de Páginas:
126
Assunto: Teatro francês
Assunto: Teatro francês
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