Em “Heresia”, de S. J. Parris, lançado pela Editora Arqueiro
em 2011, Filippo Bruno, que adotara o nome monástico de Giordano Bruno de Nola foge
do mosteiro. O motivo de sua fuga: seria acusado de heresia e interrogado pelo
padre inquisidor. Suspeita que aos olhos dos monges havia se confirmado quando
Bruno foi pego na latrina com o exemplar de um livro constante da lista de
proibições de leitura da igreja. Foi excomungado e exilado pelo simples fato de
ser um estudioso e amante do saber.
Giordano Bruno é contratado para investigar uma provável
conspiração que tinha por objetivo derrubar a protestante Rainha Elizabeth. Em
meio ao conflito religioso que se instala entre católicos e protestantes ele é enviado a
Oxford com a missão de espionar e descobrir informações sobre a conspiração.
A ida até lá torna-se interessante, na medida que também poderia auxiliá-lo numa busca particular: quer encontrar um livro cujo autor afirma que compreendeu a mente
divina.
O filósofo, escritor, cientista e estudioso tem sua visão
pessoal em que acredita que o Universo é infinito e, “sendo assim por que não seria povoado por outras Terras, outros
mundos e seres como nós?” Giordano é um dos homens que acredita na teoria
de Copérnico, enquanto outros tantos em Oxford são contrários a esse
pensamento, incluindo o diretor da instituição. Por vezes, sua fé e sua crença
é confrontada por um ou outro personagem.
“(...) Na verdade, porém, não penso em mim como católico,
nem protestante, termos que me parecem restritos demais. Eu creio numa verdade
maior.” Tal declaração é dada por Giordano Bruno num dos diálogos em que é
questionado sobre sua posição religiosa. O filósofo parece um homem a frente de seu tempo.
Antes de um debate que haveria entre Bruno e o diretor
Undershill, Roger Mercer morre após ser violentamente atacado por um cão de
caça. O que parece um mero acidente pode não ser bem assim. Bruno acredita que
alguém matou Roger. Por qual motivo? Quem estaria por trás dessa morte
terrível? Seriam suas convicções religiosas que o teriam colocado em perigo?
Ele então começa a fazer investigações que possam levá-lo a
quem teria interesse em silenciar Roger Mercer e esbarra com homens de
confiança do diretor, mas que escondem segredos. Um deles poderia ser o
criminoso? Nesse turbilhão de aventuras por Oxford, dois outros homens são
assassinados, o que levanta ainda mais suspeita de que o primeiro caso fora
realmente um assassinato. Bruno acredita então que os casos estão interligados.
E continua sua investigação particular.
Algumas pistas sobre o motivo do crime são deixadas para Bruno.
Quem quer que tenha cometido o crime parecia querer ser encontrado. Recortes de
livros com citações, marcas na parede da biblioteca, quartos revirados, mortes
violentas, chaves que são utilizadas sem autorização, homens misteriosos que
parecem sondá-lo e a filha do diretor, Sophia, parecem fazer parte de um
quebra-cabeça.
Religião, crença, cultura, preconceitos são postos diante de
homens tidos como sábios e que possuem aparente reputação ilibada. No entanto,
no meio deles, há alguém que é capaz de matar para manter sua crença. Os homens
sábios parecem não conseguir diferenciar os acontecimentos reais da prática de
heresia.
É um suspense histórico repleto de informações sobre os
pensamentos religiosos do século XVI em suas 368 páginas e surpreende o leitor.
Os personagens tem personalidade forte e alguns apresentam certa dubiedade em
relação a seu caráter, deixando o leitor intrigado em relação a sua conduta. Fator que surpreendera
o próprio personagem central do livro na história de mistérios que ele busca
revelar. Livro altamente recomendado em função de sua trama bem arquitetada, da narrativa coesa e dos intrigantes pontos que são levantados ao londo da história ficcional.
Ficha Técnica
Título: Heresia
Escritora: S. J. Parris
Editora: Arqueiro
Edição: 1ª
ISBN:978-85-8041-002-0
Ano: 2011
Número de Páginas: 368
Assunto: Romance Inglês
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