Foi divulgada a lista dos livros e autores vencedores das
categorias do Prêmio Jabuti 2014, que está em sua 56ª edição.
Conheça os ganhadores de três das categorias do
prêmio: Biografia, Contos e Crônicas e Romance.
Biografia
1º Lugar – Título: Getúlio – Do governo provisório
à ditadura do Estado Novo (1930-1945) – Autor: Lira Neto – Editora: Companhia Das Letras
2º Lugar - Título: Wilson Baptista: o samba foi
sua glória! – Autor: Rodrigo Alzuguir – Editora: Casa da Palavra
3º Lugar - Título: O castelo de papel – Autor: Mary del Priore – Editora: Editora Rocco
Contos
e Crônicas
1ºLugar – Título: Amálgama – Autor: Rubem Fonseca – Editora: Nova Fronteira
2ºLugar - Título: Você verá – Autor: Luiz Vilela – Editora: Editora Record
3ºLugar - Título: Nu, de botas – Autor: Antonio Prata – Editora: Companhia Das Letras
3ºLugar - Título: Um solitário à espreita – Autor: Milton Hatoum – Editora: Companhia Das Letras
Romance
1º Lugar – Título: Reprodução – Autor: Bernardo Carvalho – Editora: Companhia Das Letras
2º Lugar - Título: A maçã envenenada – Autor: Michel Laub – Editora: Companhia Das Letras
3º Lugar - Título: Opisanie Świata – Autor: Verônica Stigger – Editora: Cosac & Naify Edições
Selo comemorativo para divulgação |
Na
entrega do prêmio serão anunciados os livros do ano de ficção e não ficção.
Para
conhecer a lista completa de ganhadores, acesse o site do maior prêmio da
literatura brasileira. Clique no link a seguir que será redirecionado para
lista de vencedores. http://premiojabuti.com.br/vencedores/v-todas-categorias-2/
Veja a sinopse dos livros vencedores das três categorias citadas no post.
Biografia
gETÚLIO - Do governo provisório à ditadura do Estado Novo (1930-1945) - Lira Neto (632 páginas, Companhia das Letras)
Amparado por uma minuciosa pesquisa em acervos nacionais e estrangeiros,
que incluiu documentos públicos e pessoais, diários, jornais, correspondências,
gravações e filmes do período, Lira Neto mostra como e por quê, para bem ou
para mal, Getúlio Vargas foi “a maior figura política do Brasil no século XX”,
na expressão do historiador Boris Fausto.
Logo
depois da conquista do poder federal, em outubro de 1930, Getúlio se viu diante
do complexo desafio de promover sua ambiciosa agenda de reformas ao mesmo tempo
em que precisava neutralizar, como um jogador de xadrez paciente, os movimentos
da oposição interna e externa ao regime. Diversas facções políticas
insatisfeitas, especialmente os “reacionários” de São Paulo, insistiam em
questionar a autoridade do todo-poderoso líder gaúcho.
Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de “pai dos pobres”. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial.
Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão política, dirigida pelo sinistro chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller.
No plano externo, a eclosão da Segunda Guerra Mundial marcou a reaproximação de Getúlio com as potências aliadas e, internamente, a decadência do regime estadonovista. Mas a contradição de lutar pela democracia na Europa e exercer o poder ditatorial no Brasil acabaria minando a sustentação de Getúlio nos quartéis. Em novembro de 1945, o general Góes Monteiro, seu antigo colaborador, liderou a rebelião militar que encerrou os primeiros quinze anos de Getúlio no Palácio do Catete.
Com a Constituinte de 1934 - concessão provisória às aparências democráticas - e a recondução por eleição indireta ao Catete, Getúlio na realidade consolidou sua supremacia pessoal sobre as frágeis instituições políticas do país. O presidente forjava com sua figura roliça e bonachona, sempre de charuto e vestido em ternos de linho de impecável apuro, a imagem impoluta de “pai dos pobres”. À maneira de um monarca absoluto dos novos tempos, era a própria encarnação do Poder, difundida massivamente em palavras e imagens pela publicidade oficial.
Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937 reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no fascismo italiano. A guinada autoritária, justificada pela necessidade de esmagar a subversão comunista, teve o respaldo da hierarquia militar e da poderosa Ação Integralista Brasileira, de extrema-direita. O experiente caudilho, no entanto, optou por prescindir da organização de massas que em última análise fragilizaria sua autoridade pessoal, e baniu todas as agremiações políticas, inclusive a AIB. A frustrada vingança integralista, com o assalto ao Palácio Guanabara em maio do ano seguinte, deu ensejo a mais repressão política, dirigida pelo sinistro chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller.
No plano externo, a eclosão da Segunda Guerra Mundial marcou a reaproximação de Getúlio com as potências aliadas e, internamente, a decadência do regime estadonovista. Mas a contradição de lutar pela democracia na Europa e exercer o poder ditatorial no Brasil acabaria minando a sustentação de Getúlio nos quartéis. Em novembro de 1945, o general Góes Monteiro, seu antigo colaborador, liderou a rebelião militar que encerrou os primeiros quinze anos de Getúlio no Palácio do Catete.
Contos e Crônicas
Em 'Amálgama',
livro de contos de Rubem Fonseca, residem todos os elementos - o erotismo, a
violência, a velocidade narrativa, o clima noir - que consagraram o autor de
Lúcia McCartney. Rubem Fonseca consegue construir uma narrativa que se desenha
ao longo dos contos e, ineditamente, das poesias. Personagens e situações
unidos pela tristeza, pela dor, pela raiva, pelo fracasso, pela ternura e pelo
amor, um verdadeiro amálgama de vidas que se constroem e se destroem num
instante.
Romance
Reprodução
– Bernardo Carvalho (168 páginas, Companhia das Letras)
Um homem, referido como “o estudante de chinês”, se envolve num estranho
imbróglio quando se preparava para embarcar para China no mesmo voo de uma de
suas antigas professoras desse idioma. Detido por um delegado da Polícia
Federal, desanda a desfiar toda uma série de preconceitos tenebrosos - contra
negros, árabes, judeus, gays, pobres, gordos -, prejudicando-se ainda mais aos
olhos da lei.
Acontece que esse “estudante de chinês”, sujeito
que chegou a trabalhar no mercado financeiro, é um típico personagem da nossa
época: leitor de revistas semanais, comentarista de blogs (onde vitupera em
caps lock contra as minorias), com um saber supostamente enciclopédico (graças
à Wikipedia) e um ethos reacionário,
parece encarnar um tipo anti-intelectual que iria ganhar força graças ao espaço
relativamente livre da internet.
Mas a confusão em que o personagem de Bernardo
Carvalho se envolve é apenas a ponta do iceberg: o próprio delegado tem uma
estranha história envolvendo paternidade, assim como uma de suas colegas, uma
agente infiltrada numa igreja neopentecostal. Sem falar na própria professora
de chinês, que está tentando retornar à China para replicar, através da vida de
uma menina órfã, a sua própria infância devastada.
São personagens, vigorosamente construídos pelo
autor, às voltas com suas próprias buscas de identidade e procura por um
sentido. Enquanto o estudante de chinês embarca numa espécie de delírio, o
mundo à sua volta parece igualmente destituído de um sentido maior. Porque cada
um tem sua versão da realidade. E é do choque dessas diversas versões que Reprodução
ganha força e profundidade, sem abdicar da
fluência e do humor corrosivo.
É deste modo, trazendo à tona uma série de
“reproduções” - do discurso da imprensa aos sites da internet, da reprodução
sexual à própria imitação da vida - que este romance poderoso do início ao fim
ganha relevância, além de ser leitura imensamente prazerosa e intelectualmente
estimulante.
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